domingo, 26 de dezembro de 2010

♪ So this is christmas

And what have you done?


Sabe toda aquela conversa de espírito natalino, clima de bondade, promessas de fim de ano e tal?
Quer mesmo saber? Não, você não quer.

Acredite no que quiser.


♪ And so this is christmas
I hope you have fun ♫

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

À Beira do Campo - parte II

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Atrás de todo o time, como último membro da comissão técnica ele subiu sem pressa cada degrau do túnel que dava para o gramado. Driblou com repostas rápidas uma pequena aglomeração de repórteres que o aguardavam. Seu traje já não estava tão impecável como quando adentrou o campo no primeiro tempo, o colarinho já estava bastante afrouxado e ele já não se lembrava de onde havia deixado seu terno. Em todo caso, isso não o importunava.

Sentou-se no banco de reservas tão logo o árbitro apitou dando início à segunda etapa, tentando se manter reservado por alguns instantes. A conversa com seus jogadores no intervalo havia sido muito mais árdua do que todos os 45 minutos iniciais. Ao menos sentia-se mais tranquilo, embora seu estado não aparentasse. Sustentava no rosto uma expressão distante, sem reação, mas de alguma forma exalava confiança, como se já soubesse o resultado.

E quem disse que não sei?

Aos 20 minutos pediu que todos os reservas fossem para o aquecimento. Antes disso, chamou seu único jogador de ataque para conversar ao pé do ouvido. Correspondido com um sinal de positivo com a cabeça, liberou-o, pedindo a substituição. Olhou no relógio o exato momento em que ele entrou em campo: 28 minutos do segundo tempo. Jovem, mas experiente, aquele jogador era sua principal aposta para reverter o resultado. Seu talismã.

Em pouco tempo a postura da equipe era outra. A torcida adversária, embora inflamada, já não gritava tão constantemente nem com tanta confiança. Seu time trocava passes rapidamente, objetivamente, fluentemente... A defesa adversária se desdobrava para marcar o menino que acabara de entrar, muitas vezes nem as faltas o paravam. Mesmo assim, a retranca era cada vez mais difícil de ser vencida conforme o tempo passava... e o tempo passava...

Esbravejando no limite de sua área técnica, o treinador já não sustentava nada daquela aparência calma de outrora. Preocupava-se com o relógio que já passava dos 40 minutos, reclamava a todo tempo da postura extremamente defensiva e faltosa da outra equipe. Contido por auxiliares, tentava se acalmar. Mas, aos 44 minutos, uma jogada de mestre: um longo lançamento direto do goleiro, um drible seco e seu jovem atacante disparava rumo ao gol adversário. Deixou para trás um, dois zagueiros e diante do goleiro, após um toque curto para o lado, foi derrubado na linha da área.

PÊNALTI!

A comissão vibrava intensamente. Um gol, um único gol, era tudo o que precisavam. Dentro do campo, muita reclamação, princípio de confusão e capitão do time adversário expulso. Tudo conspirava para a vitória. Um chute, uma única chance. Três minutos após tudo isso, sua aposta ajeitava a bola na marca do pênalti. O juiz ainda afastava os demais jogadores da área. Seria o último lance e, embora aquele não fosse seu cobrador oficial, o treinador achou que ele merecia o crédito. Mereceria.

Correu para a bola em passos constantes, observou que o goleiro balançava para a direita... ameaçou um chute para a esquerda e mandou para o lado oposto. O goleiro saltou para o lado errado, mas virou-se bem a tempo de ver a bola bater na trave e sair do campo após girar caprichosamente na linha.

Ajoelhado, levou as mãos ao rosto e ficou imóvel por segundos que pareceram durar uma eternidade. Até que um ruído familiar o acordou.

Apito final. Fim de jogo.

domingo, 26 de setembro de 2010

I'm coming home again

Três semanas depois, estou de volta à minha casa. Os dias têm sido árduos, cansativos, até mesmo os fins de semana, mas ao mesmo tempo têm sido bastante agradáveis. Vai entender.


Quem diria que elas estariam certas? Consegui o emprego que almejava, estou me dedicando e conseguindo resultados, estou fazendo ótimas amizades e há muito pouco do que possa reclamar. Ando adquirindo umas marcas não muito atraentes nas mãos, ontem fiz uma bem feia no dedo, mas em compensação outras marcas bem piores que eu tinha em minha alma estão se dissipando. A verdade é que a dor física é mais fácil de suportar.


É fato também que me sobra bem menos tempo pra escrever aqui, mas hoje me sobra bem menos tempo pra quase tudo. Eu não enxergo isso como desperdício, mas como aproveitamento.


Homecoming (feat. Chris Martin) - Kanye West


E sobre aquilo que eu andava pensando... Eu não preciso de um amor agora, TV a cabo já está bom.


Maybe we can start again ♫

sábado, 21 de agosto de 2010

Queremos tantas coisas...

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Ele diz:
Você me lembra alguém...
Ela diz:
Quem?
Ele diz:
Alguém.
Ela diz:
Fala.
Ele diz:
Se você não sabe, é melhor que não saiba.
Ela diz:
Eu quero saber.
Ele diz:
Eu quero tantas coisas...
Ela diz:
Fale que coisas você quer, e que pessoa que te lembro!
Ele diz:
Queria ter saído hoje, ido até um bar com pelo menos um amigo pra me sentar, beber e conversar sobre qualquer besteira. Quero um carro. Quero mais salário e menos trabalho. Quero um amor e quero TV a cabo.
Ela diz:
Hm, sair, você pode sair amanhã. Um carro? Trabalhe. Amor? Tv a cabo? Também quero, e um amor também. Mas ainda não falou quem eu te lembro.
Ele diz:
Oras, você não deve conhecer.
Ela diz:
Fale sobre essa pessoa, ué
Ele diz:
É difícil falar...
Ela diz:
Ela significava algo pra ti?
Ele diz:
Significa.
Ela diz:
Ela gosta de ti?
Ele diz:
E eu dela.
Ela diz:
Então... Por que não ficam juntos?
Ele diz:
Talvez por nos gostarmos.
Ela diz:
Como assim?
Ele diz:
Eu falei que era difícil.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Se sorri por um instante

Ou por muito tempo chora,
Saiba: Felicidade é instantânea,

A tristeza dura horas.



Julho, 2010

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Amigos, Amigos... Datas à parte

Ontem, dia do amigo, eu deixei de postar. Mais uma data que deixo passar, mais uma falha minha, mais uma falta pra minha coleção. Peço sinceras desculpas, quero me redimir verdadeiramente. Terça-feira é o santo, secreto e sagrado dia do futebol depois do expediente. Eu fui, joguei (na linha!) e cheguei mais morto que a Eliza Samudio. Enfim... Vamos usar o velho clichê: "dia do amigo é todo dia". Quero lhes deixar a seguinte mensagem:


Retirado do Blog de uma de minhas mais queridas amigas, dona MarceLLa Martins. Um salve pra ela.

Um feliz dia do amigo a você que vive rodeado de chatos como esses, principalmente se um desses chatos for eu. Um feliz dia do amigo a você, chato predileto, porque és de extrema importância no nosso cotidiano.

Mando um salve também pro meu cachorro Mib...

Sem a menor dúvida, meu melhor amigo. (:

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um Salve pro Dunga

Caaarlos Caetano, como diria Marco Bianchi, ou simplesmente Dunga. Excetuando-se os xingamentos e palavras de baixo escalão, creio que algo que muitos brasileiros queiram te dizer é: Qual é a tua?

Concordo com a sua “coerência” em não ter levado o Ronaldinho Gaúcho pra Copa, embora ache que em jogos como o de hoje contra Portugal, para o qual Kaká estava suspenso, ele seria uma peça interessante. Concordo até com a sua “coerência” em não levar o Ganso, um garoto sem experiência e que nunca vestiu a camisa da seleção principal. Mas, convenhamos, tu podia ter levado o Diego, meia de criação, de habilidade e cabeça-pensante na armação de jogadas. Mas se prefere e confia em Julio Baptista, tudo bem. Não venho falar a respeito disto.


Algo me chamou a atenção em uma das entrevistas coletivas de nosso estimado treinador. Ele disse que sua mãe o havia ensinado a ser patriota, mais do que isso, disse que tínhamos de ser patriotas e torcer pelo Brasil, gostando dele ou não. Parabéns, senhor Dunga. Não, não estou sendo irônico. É, tens razão. Contudo, desenvolvendo um pouco mais a sua idéia, vejamos... O que seria o verdadeiro exercício do patriotismo? Travestir-se em verde-louro e torcer por 23 jogadores numa competição de futebol a cada quatro anos? Ah, não sei, me parece pouco. Somos 190 milhões, podemos mais.


O sentimento de patriotismo pode ser comparado ao seu sentimento em relação à sua mãe. Você provavelmente reclama da sua mãe, diz que ela é chata, que coloca beterraba no feijão, que odeia quando ela arruma tudo diferente no seu quarto, mas ninguém (além de seus irmãos) pode concordar com o que você diz. Se alguém disser: “Verdade, sua mãe é muito chata.”, isso logo lhe causa um desconforto e uma resposta: “Ei, como você fala assim da minha mãe, hein? ... babaca!”. E, convenhamos, é um sentimento tão bonito.


Patriotismo pra mim é ter orgulho da abençoada terra tropical em que nascemos. É não ter vergonha de ter a bunda como patrimônio nacional, mas sim saber que muitos outros países nos invejam por isso. É celebrar o carnaval pulando nas ruas, ao invés de pagar fortunas para assistir em camarotes os desfiles das escolas de samba. É pensar bem antes de escolher um candidato nas eleições, em vez de simplesmente vender seu voto. É mobilizar-se por causas humanitárias dentro de nosso país, em vez de gastarmos milhões e milhões votando no Big Brother “Brasil” (irônico, não é?). Patriotismo também é falar e escrever corretamente o nosso idioma (isso vale pra você, Dunga), orgulhar-se dele, pois falamos a língua portuguesa, das mais ricas e mais complexas do mundo.


Não sei se o senhor, Sr. Dunga, tinha tudo isso em mente ao proferir essas palavras naquela coletiva (pra ser sincero, creio que não), mas fica aqui meu Salve, meu Boa Sorte e meu reforço ao seu apelo:



Sejamos patriotas verdadeiramente, intensamente e constantemente.

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Escrito antes da eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Crash!

O forte sol de meio-dia queimava minha pele há mais de 20 minutos, tempo em que eu permanecia preso naquele ponto de ônibus. Olhei o relógio recém-consertado pela terceira vez em menos de cinco minutos e para o horizonte pela nona vez, no mínimo.


Nada.


Eu cruzava e descruzava os braços, Vans e Kombis despejavam seus passageiros próximos a mim. Colocava as mãos nos bolsos, tirando a esquerda constantemente para olhar o relógio mais algumas vezes. Eu não dava muita atenção à movimentação ali, até que ela desceu.


Eu tinha a estranha sensação de conhecê-la, de já tê-la visto em algum lugar... Impressão? Não. Certeza! Era real demais. Mas onde? Quando? Aqueles belos olhos verdes, não era a primeira vez que cruzavam com os meus. Não era a primeira vez que eu via o seu breve sorriso causar aquelas irresitíveis covinhas em seu rosto tímido, nem tampouco a primeira vez que eu via seu cabelo dançar ao vento. Ela atravessava a rodovia enquanto eu me afogava em pensamentos.


Onde?


Quando?


Nem vestígio de lembrança, nem qualquer mínimo sinal. Emergi à realidade assustado, pensando ter ficado nesse estado mental durante muito tempo. Olhei para o lado oposto na esperança de ainda vê-la, de segui-la com os olhos. A duas esquinas de distância pude vê-la entrando numa rua, de mãos dadas com alguém que presumi ser seu namorado.


Tentei levar com bom humor e ri daquela que talvez fosse a decepção amorosa mais rápida da minha vida. Olhei mais uma vez o relógio e continuei a esperar meu ônibus. Mas, sem aviso prévio algum, um estalo me atingiu.



Eu sei de onde a conheço, eu lembro onde eu a vi:


Em algum de meus mais belos sonhos diurnos.

terça-feira, 1 de junho de 2010

"Permita que eu possa adormecer"

Confira a primeira versão em: A Noite Passada
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De olhos abertos e fixos na janela que dava para o condomínio ao lado, ele segurava com a mão esquerda o café já quase frio que tomava. Não piscava, apenas movia lentamente o polegar direito sobre seu queixo, alisando uns poucos fios de barba que nasciam após dois dias sem fazê-la. Engoliu o restante do café de uma só vez, deixando a xícara sobre uma mesinha que ficava sob a janela, levantando-se e caminhando instintivamente em direção ao banheiro. Analisou seu rosto pela segunda vez naquela manhã, como quem procura a resposta de uma pergunta ainda desconhecida. O espelho não costumava mentir.

Ainda amanhecia ali e o sol teimava em se levantar, tanto quanto ele teimara se deitar até agora. Havia chegado em casa há pouco mais de uma hora e, mesmo que conseguisse, dormir não ajudaria muito. Sorriu ao perceber o quão longe já estava em seus pensamentos; com uma das mãos ainda apoiadas sobre a pia, abriu a torneira e deixou a água cair por alguns segundos antes de lavar novamente o rosto. Olhou-se uma última vez no espelho, fechou a torneira e saiu em direção à sala. Sentou-se no sofá e inclinou-se para frente, esticando o braço para pegar o celular que estava sobre uma mesa de centro, já quase sem bateria. Acessou a agenda e apertou três vezes a tecla “7”, avançando rapidamente para os nomes iniciados pela letra “R”. Não demorou para que encontrasse o número que queria. Visualizou-o por alguns segundos, olhou para o relógio na parede, concluindo que ainda era cedo demais para incomodar alguém.

Pegou a xícara vazia e ainda suja de café que abandonara na mesa próxima à janela e foi até a cozinha enchê-la novamente. Sentou-se novamente no sofá e ligou a TV, com o controle remoto na mão direita. Passou por todos os canais até retornar para o rotineiro noticiário matinal. Assistiu distraidamente a uma ou duas matérias sobre crises diplomáticas na Europa, crises financeiras na Ásia, crises, crises... Desligou a TV e tomou uma decisão.

Entrou novamente no banheiro, desta vez apressado e convicto. Barbeou-se sem demora e tomou um banho gelado. Não encontraria os amigos como havia combinado, tampouco pretendia ligar para avisá-los. Em vez disso, vestindo-se apressadamente, pegou novamente seu celular e, já trancando a porta ao sair de casa, foi direto ao mesmo número que havia olhado minutos antes na agenda; apertou o botão de discagem antes que pudesse se arrepender novamente. Quando ouviu o primeiro toque da chamada, já sabia que não poderia voltar atrás. Não sabia ainda, porém, o que falar.

Descia as escadas pulando degraus quando, após o terceiro toque, uma voz feminina ainda um pouco sonolenta o atendeu:

- Alô?

- Alô, Renata?

Segundos silenciosos antecederam a pronúncia receosa e um pouco incerta do outro lado da linha:

- Bernardo?

Um largo sorriso desenhou-se em seu rosto.

domingo, 23 de maio de 2010

À Beira do Campo - parte I

O tempo custava a passar. Seus braços só se descruzavam para olhar os ponteiros do relógio que pareciam não se mover. Logo após fixava novamente os olhos na bola, sem deixar de conferir a todo momento o posicionamento dos defensores. Estava indo bem até ali, mas o primeiro tempo parecia não querer terminar. De suas unhas, à essa altura, sobravam poucos vestígios. Olhou para trás, para a imensidão da torcida adversária que parecia estar prestes a desabar sobre ele. Ironicamente, isso não o assustava muito.


Tenho mais medo da minha própria torcida.


Estava calado há quase cinco minutos, parecia uma eternidade. Gritou uma vez mais o nome do seu líbero, indicando apenas com o olhar o posicionamento que queria. A comunicação visual era um trunfo em meio ao barulho produzido naquele verdadeiro caldeirão.


39 minutos... Com sorte o árbitro não daria muitos acréscimos. Queria encerrar logo a primeira etapa. Para ele o intervalo seria tão ou mais importante do que a postura da equipe com a bola rolando. Olhou para o banco de reservas, analisando suas opções, mas não precisaria de uma substituição, pelo menos por enquanto. O painel eletrônico ainda indicava o placar zerado. Com um pouco de sorte, assim permaneceria até o fim do jogo.


O time adversário começava a dar sinais de nervosismo, impaciência, cometia erros primários. Isso o fazia sorrir, quase tanto quanto ver o tempo passar rapidamente. Distraído, virou as costas e caminhou até o banco para sentar-se, mas antes que pudesse se acomodar ouviu um grande estouro em gritos inflamados, quase uníssonos:


GOOOL!


Olhou para o campo atordoado, seus defensores tão ou mais perdidos do que ele entreolhavam-se dentro da área enquanto o goleiro buscava a bola no fundo da rede. Numa fração de segundo, num ato quase instintivo, olhou para o juiz, na esperança de que este marcasse qualquer irregularidade. O árbitro apitava apontando para o centro do campo: fim do primeiro tempo.