Mostrando postagens com marcador Futebol. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Futebol. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

À Beira do Campo - parte II

_

Atrás de todo o time, como último membro da comissão técnica ele subiu sem pressa cada degrau do túnel que dava para o gramado. Driblou com repostas rápidas uma pequena aglomeração de repórteres que o aguardavam. Seu traje já não estava tão impecável como quando adentrou o campo no primeiro tempo, o colarinho já estava bastante afrouxado e ele já não se lembrava de onde havia deixado seu terno. Em todo caso, isso não o importunava.

Sentou-se no banco de reservas tão logo o árbitro apitou dando início à segunda etapa, tentando se manter reservado por alguns instantes. A conversa com seus jogadores no intervalo havia sido muito mais árdua do que todos os 45 minutos iniciais. Ao menos sentia-se mais tranquilo, embora seu estado não aparentasse. Sustentava no rosto uma expressão distante, sem reação, mas de alguma forma exalava confiança, como se já soubesse o resultado.

E quem disse que não sei?

Aos 20 minutos pediu que todos os reservas fossem para o aquecimento. Antes disso, chamou seu único jogador de ataque para conversar ao pé do ouvido. Correspondido com um sinal de positivo com a cabeça, liberou-o, pedindo a substituição. Olhou no relógio o exato momento em que ele entrou em campo: 28 minutos do segundo tempo. Jovem, mas experiente, aquele jogador era sua principal aposta para reverter o resultado. Seu talismã.

Em pouco tempo a postura da equipe era outra. A torcida adversária, embora inflamada, já não gritava tão constantemente nem com tanta confiança. Seu time trocava passes rapidamente, objetivamente, fluentemente... A defesa adversária se desdobrava para marcar o menino que acabara de entrar, muitas vezes nem as faltas o paravam. Mesmo assim, a retranca era cada vez mais difícil de ser vencida conforme o tempo passava... e o tempo passava...

Esbravejando no limite de sua área técnica, o treinador já não sustentava nada daquela aparência calma de outrora. Preocupava-se com o relógio que já passava dos 40 minutos, reclamava a todo tempo da postura extremamente defensiva e faltosa da outra equipe. Contido por auxiliares, tentava se acalmar. Mas, aos 44 minutos, uma jogada de mestre: um longo lançamento direto do goleiro, um drible seco e seu jovem atacante disparava rumo ao gol adversário. Deixou para trás um, dois zagueiros e diante do goleiro, após um toque curto para o lado, foi derrubado na linha da área.

PÊNALTI!

A comissão vibrava intensamente. Um gol, um único gol, era tudo o que precisavam. Dentro do campo, muita reclamação, princípio de confusão e capitão do time adversário expulso. Tudo conspirava para a vitória. Um chute, uma única chance. Três minutos após tudo isso, sua aposta ajeitava a bola na marca do pênalti. O juiz ainda afastava os demais jogadores da área. Seria o último lance e, embora aquele não fosse seu cobrador oficial, o treinador achou que ele merecia o crédito. Mereceria.

Correu para a bola em passos constantes, observou que o goleiro balançava para a direita... ameaçou um chute para a esquerda e mandou para o lado oposto. O goleiro saltou para o lado errado, mas virou-se bem a tempo de ver a bola bater na trave e sair do campo após girar caprichosamente na linha.

Ajoelhado, levou as mãos ao rosto e ficou imóvel por segundos que pareceram durar uma eternidade. Até que um ruído familiar o acordou.

Apito final. Fim de jogo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Amigos, Amigos... Datas à parte

Ontem, dia do amigo, eu deixei de postar. Mais uma data que deixo passar, mais uma falha minha, mais uma falta pra minha coleção. Peço sinceras desculpas, quero me redimir verdadeiramente. Terça-feira é o santo, secreto e sagrado dia do futebol depois do expediente. Eu fui, joguei (na linha!) e cheguei mais morto que a Eliza Samudio. Enfim... Vamos usar o velho clichê: "dia do amigo é todo dia". Quero lhes deixar a seguinte mensagem:


Retirado do Blog de uma de minhas mais queridas amigas, dona MarceLLa Martins. Um salve pra ela.

Um feliz dia do amigo a você que vive rodeado de chatos como esses, principalmente se um desses chatos for eu. Um feliz dia do amigo a você, chato predileto, porque és de extrema importância no nosso cotidiano.

Mando um salve também pro meu cachorro Mib...

Sem a menor dúvida, meu melhor amigo. (:

terça-feira, 6 de julho de 2010

Um Salve pro Dunga

Caaarlos Caetano, como diria Marco Bianchi, ou simplesmente Dunga. Excetuando-se os xingamentos e palavras de baixo escalão, creio que algo que muitos brasileiros queiram te dizer é: Qual é a tua?

Concordo com a sua “coerência” em não ter levado o Ronaldinho Gaúcho pra Copa, embora ache que em jogos como o de hoje contra Portugal, para o qual Kaká estava suspenso, ele seria uma peça interessante. Concordo até com a sua “coerência” em não levar o Ganso, um garoto sem experiência e que nunca vestiu a camisa da seleção principal. Mas, convenhamos, tu podia ter levado o Diego, meia de criação, de habilidade e cabeça-pensante na armação de jogadas. Mas se prefere e confia em Julio Baptista, tudo bem. Não venho falar a respeito disto.


Algo me chamou a atenção em uma das entrevistas coletivas de nosso estimado treinador. Ele disse que sua mãe o havia ensinado a ser patriota, mais do que isso, disse que tínhamos de ser patriotas e torcer pelo Brasil, gostando dele ou não. Parabéns, senhor Dunga. Não, não estou sendo irônico. É, tens razão. Contudo, desenvolvendo um pouco mais a sua idéia, vejamos... O que seria o verdadeiro exercício do patriotismo? Travestir-se em verde-louro e torcer por 23 jogadores numa competição de futebol a cada quatro anos? Ah, não sei, me parece pouco. Somos 190 milhões, podemos mais.


O sentimento de patriotismo pode ser comparado ao seu sentimento em relação à sua mãe. Você provavelmente reclama da sua mãe, diz que ela é chata, que coloca beterraba no feijão, que odeia quando ela arruma tudo diferente no seu quarto, mas ninguém (além de seus irmãos) pode concordar com o que você diz. Se alguém disser: “Verdade, sua mãe é muito chata.”, isso logo lhe causa um desconforto e uma resposta: “Ei, como você fala assim da minha mãe, hein? ... babaca!”. E, convenhamos, é um sentimento tão bonito.


Patriotismo pra mim é ter orgulho da abençoada terra tropical em que nascemos. É não ter vergonha de ter a bunda como patrimônio nacional, mas sim saber que muitos outros países nos invejam por isso. É celebrar o carnaval pulando nas ruas, ao invés de pagar fortunas para assistir em camarotes os desfiles das escolas de samba. É pensar bem antes de escolher um candidato nas eleições, em vez de simplesmente vender seu voto. É mobilizar-se por causas humanitárias dentro de nosso país, em vez de gastarmos milhões e milhões votando no Big Brother “Brasil” (irônico, não é?). Patriotismo também é falar e escrever corretamente o nosso idioma (isso vale pra você, Dunga), orgulhar-se dele, pois falamos a língua portuguesa, das mais ricas e mais complexas do mundo.


Não sei se o senhor, Sr. Dunga, tinha tudo isso em mente ao proferir essas palavras naquela coletiva (pra ser sincero, creio que não), mas fica aqui meu Salve, meu Boa Sorte e meu reforço ao seu apelo:



Sejamos patriotas verdadeiramente, intensamente e constantemente.

_

Escrito antes da eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo.

domingo, 23 de maio de 2010

À Beira do Campo - parte I

O tempo custava a passar. Seus braços só se descruzavam para olhar os ponteiros do relógio que pareciam não se mover. Logo após fixava novamente os olhos na bola, sem deixar de conferir a todo momento o posicionamento dos defensores. Estava indo bem até ali, mas o primeiro tempo parecia não querer terminar. De suas unhas, à essa altura, sobravam poucos vestígios. Olhou para trás, para a imensidão da torcida adversária que parecia estar prestes a desabar sobre ele. Ironicamente, isso não o assustava muito.


Tenho mais medo da minha própria torcida.


Estava calado há quase cinco minutos, parecia uma eternidade. Gritou uma vez mais o nome do seu líbero, indicando apenas com o olhar o posicionamento que queria. A comunicação visual era um trunfo em meio ao barulho produzido naquele verdadeiro caldeirão.


39 minutos... Com sorte o árbitro não daria muitos acréscimos. Queria encerrar logo a primeira etapa. Para ele o intervalo seria tão ou mais importante do que a postura da equipe com a bola rolando. Olhou para o banco de reservas, analisando suas opções, mas não precisaria de uma substituição, pelo menos por enquanto. O painel eletrônico ainda indicava o placar zerado. Com um pouco de sorte, assim permaneceria até o fim do jogo.


O time adversário começava a dar sinais de nervosismo, impaciência, cometia erros primários. Isso o fazia sorrir, quase tanto quanto ver o tempo passar rapidamente. Distraído, virou as costas e caminhou até o banco para sentar-se, mas antes que pudesse se acomodar ouviu um grande estouro em gritos inflamados, quase uníssonos:


GOOOL!


Olhou para o campo atordoado, seus defensores tão ou mais perdidos do que ele entreolhavam-se dentro da área enquanto o goleiro buscava a bola no fundo da rede. Numa fração de segundo, num ato quase instintivo, olhou para o juiz, na esperança de que este marcasse qualquer irregularidade. O árbitro apitava apontando para o centro do campo: fim do primeiro tempo.