terça-feira, 6 de julho de 2010

Um Salve pro Dunga

Caaarlos Caetano, como diria Marco Bianchi, ou simplesmente Dunga. Excetuando-se os xingamentos e palavras de baixo escalão, creio que algo que muitos brasileiros queiram te dizer é: Qual é a tua?

Concordo com a sua “coerência” em não ter levado o Ronaldinho Gaúcho pra Copa, embora ache que em jogos como o de hoje contra Portugal, para o qual Kaká estava suspenso, ele seria uma peça interessante. Concordo até com a sua “coerência” em não levar o Ganso, um garoto sem experiência e que nunca vestiu a camisa da seleção principal. Mas, convenhamos, tu podia ter levado o Diego, meia de criação, de habilidade e cabeça-pensante na armação de jogadas. Mas se prefere e confia em Julio Baptista, tudo bem. Não venho falar a respeito disto.


Algo me chamou a atenção em uma das entrevistas coletivas de nosso estimado treinador. Ele disse que sua mãe o havia ensinado a ser patriota, mais do que isso, disse que tínhamos de ser patriotas e torcer pelo Brasil, gostando dele ou não. Parabéns, senhor Dunga. Não, não estou sendo irônico. É, tens razão. Contudo, desenvolvendo um pouco mais a sua idéia, vejamos... O que seria o verdadeiro exercício do patriotismo? Travestir-se em verde-louro e torcer por 23 jogadores numa competição de futebol a cada quatro anos? Ah, não sei, me parece pouco. Somos 190 milhões, podemos mais.


O sentimento de patriotismo pode ser comparado ao seu sentimento em relação à sua mãe. Você provavelmente reclama da sua mãe, diz que ela é chata, que coloca beterraba no feijão, que odeia quando ela arruma tudo diferente no seu quarto, mas ninguém (além de seus irmãos) pode concordar com o que você diz. Se alguém disser: “Verdade, sua mãe é muito chata.”, isso logo lhe causa um desconforto e uma resposta: “Ei, como você fala assim da minha mãe, hein? ... babaca!”. E, convenhamos, é um sentimento tão bonito.


Patriotismo pra mim é ter orgulho da abençoada terra tropical em que nascemos. É não ter vergonha de ter a bunda como patrimônio nacional, mas sim saber que muitos outros países nos invejam por isso. É celebrar o carnaval pulando nas ruas, ao invés de pagar fortunas para assistir em camarotes os desfiles das escolas de samba. É pensar bem antes de escolher um candidato nas eleições, em vez de simplesmente vender seu voto. É mobilizar-se por causas humanitárias dentro de nosso país, em vez de gastarmos milhões e milhões votando no Big Brother “Brasil” (irônico, não é?). Patriotismo também é falar e escrever corretamente o nosso idioma (isso vale pra você, Dunga), orgulhar-se dele, pois falamos a língua portuguesa, das mais ricas e mais complexas do mundo.


Não sei se o senhor, Sr. Dunga, tinha tudo isso em mente ao proferir essas palavras naquela coletiva (pra ser sincero, creio que não), mas fica aqui meu Salve, meu Boa Sorte e meu reforço ao seu apelo:



Sejamos patriotas verdadeiramente, intensamente e constantemente.

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Escrito antes da eliminação da seleção brasileira da Copa do Mundo.

Um comentário:

  1. Disse tudo e muito mais.
    Um efusivo abraço, caro propagador de atitudes léxicas. (BianchiFeelings)

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