segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Making My Own Way Home"

"I'm going to a town that has already been burned down,

I'm going to a place that is already been disgraced,

I'm gonna see some folks who have already been let down."


Estive assistindo à TV Brasil (fato raro, é bem verdade) neste fim de tarde e, no que me parecia um programa em que os espectadores pediam um vídeo de seu artista favorito, eis que me surge Rufus Wainwright. Algo me chamou a atenção em sua voz, seu piano, sua música como um todo.


Going to a Town (Live) - Rufus Wainwright


Além disso, a letra dessa canção é genial. Eu continuo não gostando muito de vir aqui só para recomendar algo para ser ouvido, o que significa que isso realmente deve valer a pena.


"Tell me… Do you really think you go to hell for having loved?"


E é essa a pergunta que eu faço e ouço com mais freqüência do que se possa imaginar.


"Tell me… And not for thinking every thing that you've done is good…

(I really need to know)"

Eu também preciso mesmo saber.

"I got a life to lead,

I got a soul to feed,

I got a dream to heed…

And that's all I need."

Eu realmente não sei mais o que dizer. Estou disposto a ouvir, no entanto. Tenho certeza de que sabe onde e quando me encontrar.

"Making my own way home,

Ain't gonna be alone."


Letra e tradução completas

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O Vassoureiro

"Em um piano distante, alguém estuda uma lição lenta, em notas graves. De muito longe, de outra esquina, vem também o som de um realejo. Conheço o velho que o toca, ele anda sempre pelo meu bairro; já fez o periquito tirar pra mim um papelucho em que me são garantidos 93 anos de vida, muita riqueza, poder e felicidade.

Ora, não preciso de tanto. Nem de tanta vida, nem de tanta coisa mais. Dinheiro apenas para não ter as aflições da pobreza; poder somente para mandar um pouco, pelo menos, em meu nariz; e da felicidade um salário mínimo: tristezas que possa agüentar, remorsos que não doam demais, renúncias que não façam de mim um velho amargo."


[...]

Abril, 1949

Rubem Braga

_

Não são os únicos parágrafos do Rubem Braga com os quais me identifico, certamente. Achei apenas que esses chamam à atenção, não por serem bem escritos, mas por serem de tamanha simplicidade, de sinceridade incomum, aspectos que às vezes faltam a alguns grandes escritores.

Ou talvez eu esteja enganado.

sábado, 16 de janeiro de 2010

A Noite Passada

Sua cabeça parecia doer mais do que o normal naquela manhã. Não costumava sentir tanto os reflexos de uma noite longa e agitada. Estranhava o fato de ter acordado tão cedo. Mas que horas havia dormido? Que horas haveria chegado em casa? Lembrava-se de ter sido acompanhada até a entrada de seu prédio, caminhando, por alguém que conhecera. Quem? Haviam conversado tanto, não sabia dizer exatamente sobre o quê. Ele não era muito bonito à primeira vista, verdade, mas lembrou-se de sentir uma atração depois que se falaram durante alguns minutos. Saíram da festa ainda longe de acabar, não pareciam arrependidos. Ela ainda se esforçava pra clarear as lembranças.


Levantou-se, indo em direção ao banheiro. Notou que a amiga com quem dividia o apartamento não estava, provavelmente não voltara pra casa. Pensando bem, não era uma grande novidade. Lavou o rosto, olhou-se no espelho, deparando-se com seus olhos assustados. Ele comentara algo a respeito de seus olhos, um elogio estranho. Ela não soubera como reagir no momento, mas lembrou-se de sorrir. E ele sorriu de volta. Se bem se lembrava, depois disso haviam conquistado uma intimidade estranha, como se já se conhecessem há tempos. O tempo passou rápido demais.


Sentada à mesa, tomando uma xícara de café, refletia. Talvez não se encontrassem nunca mais.


Uma pena.


Acordou de seu devaneio com o barulho do telefone. Levantou-se para atender:


- Alô?


- Alô, Renata?


Sua dor de cabeça dissipou-se.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"It's Not Over Tonight"

"The weight of things that remain unspoken
Built up so much it crushed us everyday
.

Every night you cry yourself to sleep
Thinking 'why does this happen to me
?
Why does every moment have to be so hard
?'
Hard to believe it!"


Sim, trata-se de uma das raras vezes que eu venho apenas para deixar uma recomendação. É que uma sensação tomou conta de mim de ontem para hoje. É estranho, mas bom. E essa música parece completar o sentido disso, mesmo que não faça total sentido.

Won't Go Home Without You - Maroon 5

(Letra e tradução completas)

"Of all the things I felt, but I've never really showed,
Perhaps the worst is that: I ever let you go,

Should not ever let you go, oh, oh, oh!"


Deixo a dica para o clipe também. Uma bela interpretação (não apenas vocal) do Adam. Antes eu ria das cenas, do seu drama ao ser expulso do restaurante, da cara de decepção ao final... Mas algo me fez reconsiderar o vídeo, a música, a banda e a mensagem que passam.

Talvez eu esteja me tornando mais um afetado pelo romantismo barato, uma vítima das baladas que são feitas exatamente com essa intenção.

Sim, certamente estou.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Vaidade

É digno de uma reflexão a respeito, sim, o modo como eu aproveito meu tempo livre quando não tenho meus velhos arquivos nem internet no computador. Talvez isso caracterize um vício, mas espero que não.

Mesmo me olhando no espelho às vezes, enquanto escovo os dentes ou algo do tipo, e chegando à conclusão de que, embora (hoje) fraco e magro, meu corpo ficaria da forma que eu idealizo (sim, raramente) com uma pequena série de leves atividades físicas, algo que já comecei a fazer uma vez e, não lembro exatamente por que, parei, eu não os faço. Com um pouco menos de preguiça (claro), mas principalmente com um pouco mais de vaidade eu teria dado sequência. Ou voltado a fazer agora que estive em casa da forma mais simples e crua que a expressão “à toa” pode caracterizar. Mas a minha vaidade intelectual é tão maior que torna quase desprezível a vaidade “corporal”. Terminei de ler ‘Anjos e Demônios’ e já comecei ‘O Código da Vinci’, sem contar uns contos do Rubem Braga e a Poesia de Alberto Caeiro, do Pessoa, que ando lendo.

Não que eu não me considere bonito, tampouco me considere bonito demais. Ou melhor, não que eu não queira ser (mais) bonito. Eu quero, apenas faço muito pouco com relação a essa “vontade”. Até porque considero a beleza masculina algo muito relativo, digno de discussões a respeito, contestações e mais; não sei se realmente existe ou é um conceito inventado. E, mesmo supondo-se que exista, não é relevante. O homem moderno não costuma contar com isso pra muita coisa, usa outros valores. E, assim, muitos dispensam a beleza, tendo-a ou não.


Depois de tudo isso e outros pensamentos mais que se perderam em algum lugar, eu cheguei (cheguei?) a uma conclusão concisa: Eu não preciso ser bonito. Preciso ter uma mulher bonita.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Abrigo

Aonde vou, levo-te sempre comigo,
Perto, longe, transformo-me em teu abrigo.

Seco, seguro, quente. E simples.
E, quando eu precisar de ti,
Eu só quero que me abrigues.


Lanterna dos Afogados (ao vivo) - Os Paralamas do Sucesso
_

Um dia, quem sabe, eu consigo escrever mais do que alguns versos soltos assim e faço algo que se possa chamar de poesia. Quem sabe.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A Mulher

Uma mulher inteligente. Mais do que eu? Sim, um pouco... Prefiro assim. Familiarizada com situações complexas, mas admiradora da simplicidade. Bonita, muito bonita. Não dona de uma beleza chamativa, mas de uma beleza discreta, quase escondida. Como uma pedra preciosa cujo valor poucos conhecem. Sensual como e quando se deve ser. Daquela forma que parece ser inconsciente, que parece (e é) espontânea, mas digna de quem sabe bem o que faz e do que é capaz.

Gosta de divertir e ser divertida, da forma mais natural possível. Fiel. Mais do que isso, leal. Dona de um sorriso não muito largo, muito dado nem muito comum. Algo que se pode chamar de raro (ou quase), mas deslumbrante. Avassalador e ao mesmo tempo revigorante.

Feliz. Feliz com o que tem, mas não totalmente satisfeita, acomodada. Diferentemente de mim. Responsável, rígida, que contesta e critica minhas idéias, tudo num tom muito convincente; e com classe. Carinhosa, mas não carente. Sabe o que é ter a sensação de amar e ser amada, sabe que a tem, sente-se ótima por isso. Usa isso como fonte forças, como combustível para cada tarefa difícil. E sabe compartilhá-las, assim como os momentos agradáveis.

Sente-se ao mesmo tempo consumida e saciada pelo desejo. Por desejar e por ser desejada. Isso a faz se sentir mais motivada, mais feliz, mais bonita, mais viva... De um modo geral, uma pessoa melhor. E apaixonada.

E apaixonante.

Terça-feira, 5 de janeiro de 2010.