terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Um Salve pro Zé Luiz

Pensamentos me surgem (e me atormentam) durante as atividades mais distintas, o que não deve ser extraordinário para ninguém. Na noite do último sábado eu sobrevivi ao Zorra Total aguardando o início de Super Cine pra ver o filme '24 Horas – A Redenção', baseado na famosa série protagonizada por Kiefer Sutherland no papel do agente Jack Bauer.


O filme (que não foi fabuloso como eu imaginava, consistiu em algo como um episódio comum com o dobro da duração) era sobre algo como uma (pós?) guerra civil num país africano onde Bauer se escondia da justiça americana numa escola assistida pela ONU que abrigava crianças órfãs, filhos e filhas das vítimas da violência geneneralizada. Um grupo guerrilheiro "recrutava" tais crianças para compor um exército de sangue comum, mas com a função principal de testas-de-ferro. Caos estabelecido do outro lado do atlântico, nos E.U.A. a presidente eleita (sim, uma mulher) estava em dia de assumir seu cargo na Casa Branca, já sabendo que teria em pauta dentro de algumas horas essa crise internacional.

O então presidente (quase ex) havia ordenado que as tropas americanas deixassem o país, alegando que “não devia por em risco vidas americanas numa guerra que não era sua”. A mulher prestes a assumir seu cargo discordava veementemente, dizendo que os E.U.A. deviam sim interferir com o objetivo de evitar um genocídio ainda maior do que o que estava em andamento. Num cenário claramente construído para que um seja vilão e o outro seja salvador do mundo, discutiram até o último momento numa reunião particular que tiveram pouco antes da cerimônia de posse.


E eu, apenas um rapaz latino-americano, tenho pra mim que é dessa forma que Hollywood ajuda no fortalecimento dos E.U.A. como potência econômica, militar e cultural, pois eles devem invadir o país para salvá-lo de um ditador que usa o nome de um deus, conceitos raciais ou outros argumentos para justificar suas ações extremamente agressivas. Lembra do Iraque? Alguns anos depois o próprio povo americano se dizia contra a permanência das tropas americanas em solo iraquiano.


Não quero dizer quem está certo, até porque provavelmente ninguém estará. Tenho alguns preceitos desde bem pequeno, alguns fortalecidos e moldados com um pouco de conhecimento adquirido especialmente no ano de 2009. Quero mandar um grande abraço pro Zé Luiz, tocador de pandeiro, fã de Michael Jackson e, nas horas vagas, meu professor de geografia, um cara que levava uns textos bem interessantes para serem lidos e discutidos em sala toda terça pela manhã, textos que me faziam acordar, e não digo isso apenas figurativamente. Já que citei o grande Zé Luiz, mando um salve pro pessoal que tá aí se preparando pra recuperação dele (amanhã, né?), da qual me livrei por muito pouco.

Talvez eu devesse, mas não guardo rancor de suas provas malditas, das vezes em que interrompia meu Stephen King (eu já tinha lido o texto dele e provei isso), muito menos de sua aparente antipatia.

Ainda é com certo orgulho que me recordo disso, com mais saudade do que poderia imaginar também. Foram três anos que realmente ajudaram a compor grande parte do que sou hoje.

Pois é... Bons tempos.

Um comentário:

  1. Gostei!

    Posso falar que, eu, sofri muito na mão dele.
    Lembro que, no começo do ano, vc ficava me zoando: "Vai Átila, assim Zé Luis vai comer teu $#@#$..."
    E foi um sofrimento que não se justificava.
    Eu como um aluno EXEMPLAR [¬¬], que não matava uma aula pra ir jogar bola, passei por tudo isso tb.
    Fiquei com medo. Algo remetia ao Demian. FATO.
    Mas Graças a Deus, ficou tudo certo!
    Isso me remete àquela música anteriormente postada. Música a qual faz jus essa referencia.

    ♫ Tempos Modernos ♫

    Muito bom o texto.

    Victor, posso dizer que a cada dia vc vem escrevendo melhor. Parabéns
    Só faltou comentar dos diamantes de sangue e das ruas do Rio, enfatizando o "cine Iris" [hahahahaha]

    Gostei muito dessa parte aqui:

    "Quero mandar um grande abraço pro Zé Luiz, tocador de pandeiro, fã de Michael Jackson e, nas horas vagas, meu professor de geografia, um cara que levava uns textos bem interessantes para serem lidos e discutidos em sala toda terça pela manhã, textos que me faziam acordar, e não digo isso apenas figurativamente."

    Vou montar um grupo de samba e, posteriormente, chamá-lo.

    Tu é FODA Braço!

    Abraçaum!

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