domingo, 23 de maio de 2010

À Beira do Campo - parte I

O tempo custava a passar. Seus braços só se descruzavam para olhar os ponteiros do relógio que pareciam não se mover. Logo após fixava novamente os olhos na bola, sem deixar de conferir a todo momento o posicionamento dos defensores. Estava indo bem até ali, mas o primeiro tempo parecia não querer terminar. De suas unhas, à essa altura, sobravam poucos vestígios. Olhou para trás, para a imensidão da torcida adversária que parecia estar prestes a desabar sobre ele. Ironicamente, isso não o assustava muito.


Tenho mais medo da minha própria torcida.


Estava calado há quase cinco minutos, parecia uma eternidade. Gritou uma vez mais o nome do seu líbero, indicando apenas com o olhar o posicionamento que queria. A comunicação visual era um trunfo em meio ao barulho produzido naquele verdadeiro caldeirão.


39 minutos... Com sorte o árbitro não daria muitos acréscimos. Queria encerrar logo a primeira etapa. Para ele o intervalo seria tão ou mais importante do que a postura da equipe com a bola rolando. Olhou para o banco de reservas, analisando suas opções, mas não precisaria de uma substituição, pelo menos por enquanto. O painel eletrônico ainda indicava o placar zerado. Com um pouco de sorte, assim permaneceria até o fim do jogo.


O time adversário começava a dar sinais de nervosismo, impaciência, cometia erros primários. Isso o fazia sorrir, quase tanto quanto ver o tempo passar rapidamente. Distraído, virou as costas e caminhou até o banco para sentar-se, mas antes que pudesse se acomodar ouviu um grande estouro em gritos inflamados, quase uníssonos:


GOOOL!


Olhou para o campo atordoado, seus defensores tão ou mais perdidos do que ele entreolhavam-se dentro da área enquanto o goleiro buscava a bola no fundo da rede. Numa fração de segundo, num ato quase instintivo, olhou para o juiz, na esperança de que este marcasse qualquer irregularidade. O árbitro apitava apontando para o centro do campo: fim do primeiro tempo.

sábado, 8 de maio de 2010

Metáforas...

Thiago:
dever realmente é questionável, haha
mas se não vai, então corte os sentimentos

Victor:

não posso abrir uma ferida sem material para curativo


minhas metáforas estão tão bonitas hoje, vou
coletá-las e ir guardando. dá pra embelezar a próxima
postagem com elas. haha
Thiago:
haha
não pode deixar o tumor crescer e se espalhar também
Victor:

que horror, cara
aheauehauea

Thiago:
hauahah você que começou
_

Salve eterno, brother!

#tamojunto

domingo, 2 de maio de 2010

28º

Quer saber? Eu não ligo mais.
Se ela não se importa, eu não me importo mais.
O tempo passou. Certeza não tenho, mas aqui estou.
Não dá pra viver olhando pra trás.
Sobrevivi. Seguirei adiante. Afinal, não há outro jeito.
Fala-se, ouve-se. Ninguém é perfeito.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Salve, Jorge!

Poucos são os santos católicos tão emblemáticos como Jorge. Influente em outras religiões, algumas até não-cristãs, Jorge é sinônimo de força, de presença e, eu diria, coragem.

Coragem, meus caros, coragem... Virtude que me falta.

Talvez eu devesse me tornar um devoto.
_

Salve, Vercilo:

" Pode me abraçar sem medo...
Pode encostar sua mão na minha
... "

Final Feliz - Jorge Vercilo



Salve, Aragão:

" Ontem demorei pra dormir, tava assim, sei lá,
Meio passional por dentro
... "

Eu e Você Sempre - Jorge Aragão


Salve, Ben Jor:

" Não sei não, assim eu acabo me entregando... "

Ive Brussel - Jorge Ben Jor


Salve, Jorge!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Quando eu morrer...

... não quero que me façam grandes homenagens, ficaria feliz apenas em saber que cada pessoa com quem convivi lembraria-se de mim à sua maneira particular. Não quero tristeza nem remorso, apenas boas e carinhosas lembranças.

Quanto ao meu corpo, não tenho grandes pretensões. Nunca pensei de que forma quero ser velado, se quero ser enterrado ou cremado, afinal será apenas um corpo, não mais eu. Tenho apenas um desejo:

Quando eu morrer, espero que doem todos os meus órgãos. Quero sentir que ao menos morto eu consegui ajudar alguém, salvar uma vida. Mas, em especial, eu quero doar o meu coração.

E espero sinceramente que o próximo dono faça melhor proveito dele.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

3ª Idade


Talvez eu nem precisasse de muito dinheiro, só o suficiente para viver bem. Uma casa com uma varanda em que haja espaço para duas cadeiras (de balanço?), uma rede talvez, não muito mais que isso. Que fosse virada de frente para o sol da manhã, onde eu poderia sentar e ler o jornal todo dia bem cedo, enquanto tomo minha sagrada xícara de café.

Uma vista para um quintal, talvez gramado, com um pequeno jardim, pequeno o suficiente para que eu mesmo pudesse cuidar. Algum lugar confortável à sombra onde meu cachorro, também velho, repousasse. Algumas pequenas árvores, umas frutíferas e outras não, onde bandos de pássaros pousariam no começo de cada manhã e também nos fins de tarde. Um ar fresco que me entraria pelas narinas e inundaria meus pulmões prazerosamente, me entorpecendo com o frescor da natureza.

Um silêncio incomum às grandes cidades, quebrado apenas pelo som surdo da brisa fresca, de crianças que passam de bicicleta em frente ao portão ou da porta de se abre para uma linda senhora idosa sair.

Apaixonada.

_

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Oração

Boa noite, Senhor.

Como vai? É, eu imagino que vá bem mesmo. Apesar de muitos filhos rebeldes por esse mundo afora, né? Mas não sei, sinto que estranhamente o Senhor tem tudo sob controle. Não tenho provas contundentes, nem ao menos indicadores, e ninguém nunca me convenceu disso, embora tenham tentado. E, mesmo assim, eu sei. Enfim... Não é sobre isso que eu vim falar hoje.

Provavelmente, do alto de sua onisciência, já sabe bem por que tipo de problemas tenho passado ultimamente. É verdade, não tem sido nada fácil, mas até aqui eu tenho conseguido seguir em frente, felizmente. Eu sei, dificuldades fazem parte da vida, não me queixo por isso, não mesmo. Eu, ironicamente, tenho até vontade de agradecer, mas não quero parecer infame.

Nesta quinta-feira santa, data tão marcante para a cultura cristã e especialmente para a cultura católica, peço o Seu apoio, meu Deus. Dia da instiuição da santa Eucaristia, dia em que Se igualou a cada um de nós, em que Se doou para cada um de nós, em corpo e sangue, por um propósito maior. Tenho fé no Senhor (não muita, mas tenho), sou Seu filho também, por isso venho até aqui para Lhe Pedir. Não, não acho que mereço, eu apenas preciso da Sua ajuda. Por favor.

E saiba que pode continuar contando comigo para o Seu projeto, eu ainda fico feliz em ser útil.



Uma boa noite para o Senhor também.



Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Amém.

domingo, 28 de março de 2010

O amor é uma droga

Sabe o que Nando Reis me disse?

" [...] que uma pessoa só não conta, que uma pessoa só não é ninguém. "



Lulu Santos também ajuda a traduzir meus pensamentos às vezes:

" Ela me faz tão bem que eu também quero fazer isso por ela... "



Há algum tempo atrás Tico Santa Cruz já repetia:

" E você não sai do meu pensamento... e eu me questiono aqui se isso é normal "

O Retorno de Saturno - Detonautas Roque Clube


Dinho Ouro Preto tem toda razão:

" Eu já não tenho escolha e participo do seu jogo "


E quer saber? O amor é uma droga.

Vicia.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Acorde!

Sabe aquela impressão de que você está acordando àquele instante mesmo já estando acordado? É algo que vem me atormentando com certa freqüência ultimamente, quase todos os dias. Hoje, diga-se de passagem, aconteceu mais de uma vez.

Não é como se você realmente chegasse a dormir, porque não há nenhum vestígio de sonolência, mas é como cair, despencar quando se está num surf mental ao longo de pensamentos bastante absurdos e abstratos. Não, eu não espero que todos entendam isso.

Depois desse estalo eu quase não me lembro que pensamentos eram esses. Às vezes são sonhos, outras vezes são pesadelos. E tenho a impressão de que eu mesmo busco acordar em algumas ocasiões, principalmente nos momentos de sonhos, ótimos sonhos... mas irreais. Não sei se isso é totalmente ou minimamente consciente de minha parte. Mas é triste.

"Você acredita em mentiras porque a verdade machuca bastante,
Não quero ouvir o seu choro quando eu acordar.
"

Agora, pensando nisso, me sinto levemente (não muito) arrependido de "acordar" nesses momentos. Acordar pra quê? A realidade não tem graça, deixe que eu me afogue em meus devaneios.

Só mais 5 minutos, por favor...